Categorias denunciam transportadora demitiu mais 76 profissionais, entre janeiro e março deste ano. Por causa do movimento, coletivos ficaram retidos na garagem, em Olinda, afetando cerca de 240 mil passageiros
[caption id="attachment_4569" align="alignnone" width="640"]

O Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco informou, na manhã desta segunda-feira (10), que os motoristas de ônibus e cobradores da Empresa Caxangá suspenderam as atividades. As categorias realizam um protesto, desde as 3h30, e denunciam que 76 profissionais foram demitidos, entre janeiro e março deste ano. Por causa do movimento, mais de 300 coletivos deixaram de circular em Olinda e no Recife, atingindo cerca de 240 mil passageiros.
De acordo com o presidente do sindicato, Benílson Custódio, os cobradores são os mais afetados pelas demissões. Eles estão perdendo os empregos desde o início do processo de implantação de linhas que operam sem esses trabalhadores.
Um dos trabalhadores que tiveram a rotina modificada pela mobilização foi o funcionário público Almir Nogueira. Na Avenida Beberibe, Zona Norte do Recife, ele precisava chegas às 8h ao bairro da Encruzilhada, passou mais de uma hora na parada de ônibus e não viu nenhum coletivo da linha Beberibe passar. "É a reivindicação dos trabalhadores. O jeito é esperar até as 8h30, mas, caso não passe, vou ter que ir andando", disse.
O auxiliar de manutenção Carlos Alves, também na Avenida Beberibe, esperava um ônibus da linha T.I. Xambá/PE-15, mas, por causa da lotação, nenhum coletivo parava.
"Não tem perspectiva de chegada, a não ser que você queira ir no ônibus espremido, como numa lata de sardinha. Vou tentar pagar o dia de hoje em outra data, porque já passaram três coletivos e nenhum parou, de tão cheio. É o que nós merecemos", disse Carlos.
Atualmente, no Grande Recife, há 32 linhas que trabalham apenas com os motoristas. “Foram 30 cobradores demitidos, além de 22 motoristas, sem falar nas outras categorias. Houve perdas de empregos na administração e e nos controles de linhas. A Caxangá foi a que mais demitiu este ano”, observou Benílson.
Segundo o presidente do sindicato, outro problema é o desvio de função de alguns profissionais. “Motoristas e cobradores estão sendo obrigados a vender cartões VEM em alguns terminais, como o de Xambá, em Olinda. Isso está errado, pois eles não devem fazer esse trabalho”, comentou.
Custódio disse que a paralisação foi definida na quinta-feira (6), depois de uma reunião na empresa. “O pessoal está revoltado com uma informação do sindicato dos patrões. As empresas afirmam que não houve demissões e que todos estão satisfeitos. Isso deixou todo mundo indignado”, declarou.
Outra pauta de reivindicações dos rodoviários diz respeito ao aumento da violência nos transportes públicos. “Este ano, são mais de mil investidas criminosas contra os ônibus”, disse.
A Empresa Caxangá, de acordo com o site na internet, tem mais de 1.900 funcionários. Opera em 54 linhas. Os coletivos realizam 3.580 viagens a cada dia útil. A garagem da transportadora, que foi fechada nesta segunda, fica em Olinda.
Resposta
Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) afirmou que a empresa havia feito 19 promoções de cobradores e que demissões foram feitas por questões disciplinares, sem relação com a retirada de cobradores dos ônibus.
A empresa reforçou que não foi informada com antecedência sobre a paralisação e está se esforçando para normalizar as atividades o mais rápido possível. A Rodoviária Caxangá esclareceu, ainda, que tentou manter o diálogo com o Sindicato dos Rodoviários. No entanto, a entidade não demonstrou interesse em realizar qualquer negociação.
Com Informações: G1 PE
Imagens: Eric Oliveira e Wanderlei, TV Globo.