Em meio aos desafios de suprimentos de semicondutores e do aumento do Diesel, companhia quer se manter como “Top of Mind” na cabeça de consumidores
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A divisão de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz vem enfrentando dificuldades em vendas desde o último ano, caindo para o segundo lugar no ranking de faturamento no país, perdendo a liderança que era mantida invicta desde 2016. A escassez de semicondutores foi o principal fator para o resultado, segundo a companhia, sem esquecer que afetou o setor como um todo no último ano. Apesar de o problema não ter sido completamente superado em 2022, este ano alguns fatores trazem novo fôlego à companhia: o fato de que a Daimler se tornou uma divisão diferente da Mercedes-Benz carros, o impulso da vacinação para aumentar o consumo e os deslocamentos no país.
Em 2021, a companhia vendeu 33,1 mil caminhões, aumento de 24% comparado com 2020, e mais de 5,8 mil ônibus, queda de 10% em relação ao ano anterior. Para 2022, a meta é, claro, crescer: as fábricas de São Bernardo do Campo e de Juiz de Fora estão operando em três turnos para atender à demanda que, segundo a companhia, pode chegar a 140 mil caminhões vendidos em 2022 no mercado como um todo — expectativa alinhada com a da Anfavea. Em entrevista, os executivos da empresa afirmaram que a importância do Brasil é enorme para a companhia, uma vez que se trata de um dos três maiores mercados globalmente para a Daimler.
Para crescer, a companhia pretende inaugurar neste ano o último estágio da Indústria 4.0 na fábrica brasileira, e a participação na Fenatran e LatBus, em que novidades — não especificadas pela companhia — devem ser anunciadas. Ao mesmo tempo, a companhia conta com novas lideranças anunciadas recentemente: Achim Puchert, CEO da divisão de Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, e Karin Rådström, membro do conselho administrativo da Daimler Truck AG, responsável pelas regiões Europa e América Latina e CEO da Mercedes-Benz Truck.
Desafios
Globalmente, a companhia enfrenta dois desafios principais: gerenciar custos fixos e aumentar a receita recorrente, que também são replicados para o país, segundo Karin.
Em ano eleitoral e de escalada na inflação e na Selic, a companhia procura se manter longe de comentários a respeito do cenário macroeconômico, fixando seus desafios em alguns pontos essenciais: logística, com a entrega de semicondutores, adaptação à versão brasileira da Euro 6 e o preço do Diesel.
“Acreditamos muito na força da retomada no Brasil e em setores como o agronegócio e a construção civil para impulsionarem a venda de caminhões”, afirmou Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz Caminhões e Ônibus, durante a coletiva.
Questionado a respeito da concorrência com outros modais para o futuro, o executivo afirmou que não vê como os caminhões devem perder espaço, já que a frota brasileira é bastante velha, o que condiz com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Segundo a ANTT, a idade média dos veículos no Brasil é de 14,32 anos.
Sem caminhões elétricos no Brasil — pelo menos por enquanto
Entre os principais tópicos discutidos nesta manhã com jornalistas, ambos ressaltaram o papel que a sustentabilidade deve ter dentro da marca ao longo dos próximos anos: a Mercedes-Benz, de forma geral, quer ter 100% da frota — de todos os veículos — elétrica até 2030. Para os caminhões e ônibus, os primeiros passos dentro dessa estratégia já foram dados no ano passado, com parcerias firmadas na Europa para a construção de infraestrutura de carregamento. No Brasil, entretanto, ainda não há datas para futuros lançamentos.
“É um passo importante para o qual estamos atentos, mas precisamos avaliar quanto investimento será necessário não apenas para desenvolver caminhões elétricos, mas sim o quanto a infraestrutura do país estará preparada para recebê-los”, afirmou, em entrevista coletiva.
A concorrência já está atenta aos novos critérios de sustentabilidade. A Volkswagen Caminhões e Ônibus lançou, em 2021, a primeira linha de caminhões elétricos para o país, chamada e-Delivery.
Ampliando o escopo, a VWCO deve investir R$ 2 bilhões no país até 2025, como anunciou no fim de 2021. Enquanto isso, a Mercedes-Benz chega ao fim do ciclo de investimentos anunciado para o país em breve e, por enquanto, ainda não anunciou qual será o valor atualizado para o Brasil ao longo dos próximos anos.
Futuro
Entre as metas citadas para os próximos anos, os executivos citam desenvolver uma cultura de empoderamento dos colaboradores e atenção máxima ao cliente. Inclusive, no último ano, a companhia aumentou a quantidade de pontos de serviços aos consumidores e deve investir cada vez mais em tecnologia para acompanhar a capacidade do mercado. Segundo Karin, o fato de que a Daimler se tornou recentemente uma companhia separada das demais divisões pode colaborar para orientar esses planos de forma mais clara.
"Estamos focados em pessoas e em novos processos de tecnologia e acreditamos que essa independência pode reforçar essas capacidades dentro da companhia. Estamos cada vez mais atentos ao que consumidores e colaboradores esperam de nós e vamos investir para atender às expectativas deles", diz Karin.
Com Informações: Exame